Tive um sonho, nele eu era um lutador, não um lutador famoso, só um lutador, na verdade acho que em volta de mim haviam vários, talvez milhares, de outros rings com outros milhares de lutadores no mesmo status que eu. Meu adversário era mais alto, mais forte e mais hábil, eu não conseguia ver o rosto dele, não era para eu ver o rosto dele, eu nem sabia por que estava naquele lugar, nem sabia por que lutava, mais sabia que deveria lutar, pois se desistisse, seria o fim.
Então eu lutava e lutava e quanto mais eu tentava bater no meu inimigo mais ele me batia, eu caía e levantava novamente, a luta não tinha juiz, ela não era justa e ninguém assistia, todos lutavam, ao meu redor via alguns lutadores caindo em nocaute, e quando eles caiam seus adversários sumiam. Encostava-me nas cordas e quando fazia isso podia respirar um pouco e me sentir aliviado, mais a dor dos socos que levava continuava, eu saía das cordas tentava lutar e às vezes até acertava uns socos, não que eles abalassem o homem do outro lado do ring, mas me davam prazer, me faziam acreditar que estava me vingando, me deixavam com mais animo e naquele pequeno espaço de tempo entre dar um soco e levar outros vários, eu era feliz.
A luta continuou por muito tempo, muito tempo mesmo e apesar de tentar, eu estive constantemente perdendo, minha face estava cheia de marcas, minhas costas, peito e estomago doíam e eu queria parar, mais sabia que se o fizesse, não iria para algum lugar melhor do que a merda que estava acontecendo. Vi em algum ring dos vários em volta de mim, um lutador jogando a toalha, nessa hora, o adversário sumia enquanto gargalhava, parecendo que havia feito seu trabalho da maneira mais certa, pois creio eu que ganhar apenas amedrontando o inimigo deve ser bem prazeroso, mais qual é o trabalho desses caras com quem estamos todos lutando? Eu tentava descobrir enquanto ficava cada vez mais dolorido e tonto, não queria jogar a toalha, não havia motivo, não havia nada alem daquilo, mais me sentia tentado, muito tentado, mais não consegui.
Estava chegando ao fim, não estava mais agüentando as bordoadas, cada soco parecia que batia no fundo da minha alma e eu já não conseguia lutar contra, já não dava os meus poucos socos, nem conseguia fugir para as cordas, ele não deixava mais, então eu caí de joelhos e então com um ultimo soco minha cara foi ao chão, dessa vez eu não levantei, enquanto meus olhos iam fechando eu via meu inimigo sumindo no ar, ele não sorria, mas também não estava triste, ele sentia que aquela tinha sido uma luta comum, uma luta sem nada de especial e parecia que já havia feito várias dessas, pensando bem agora, acho que apesar de não ver o rosto dele, tinha um exatamente igual a ele em cada um dos rings, eu conseguia sentir isso e ele sempre era o vencedor, a última coisa que consegui ver antes de tudo virar breu, foi seu nome, estava escrito no calção em negrito e chamando a atenção, era para todo mundo ver, estranho como não tinha percebido antes, seu nome era “Vida”.
Dedicado a Giovane do Medo de criar e a Hernani dos Guimarães.
Fugindo um pouco a temática do blog (foda-se a temática, eu posto o que eu quiser!) e também ao meu estilo de escrita, espero que gostem.
às vezes até acertava uns socos, não que eles abalassem o homem do outro lado do ring, mais me davam prazer, me faziam acreditar que estava me vingando, me deixavam com mais animo e naquele pequeno espaço de tempo entre dar um soco e levar outros vários, eu era feliz.
ResponderExcluiro bom é que não dá pra ganhar.
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