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terça-feira, 28 de junho de 2011

Praxe.


  Paulo era um homem prático, não gostava de brigar, não gostava de subjetividade, também não gostava de salada, mas o último item não vem ao caso. Infelizmente (ou não),ele arranjou uma namorada com o jeito oposto ao seu, ela parecia gostar de brigar, vivia achando coisas onde não existia e ela gostava de salada, mais isso realmente não vem ao caso. Pode parecer que ele só arrumara problemas para si, mas ele também era o tipo que se acomodava com as situações, então ao invés de arranjar outra namorada, que era basicamente fonte de fodas para ele, preferiu aguentar algumas coisas.
    Ele estava bebendo vodca barata com suco de laranja enquanto assistia um filme e ela fazendo as unhas.
   -Paulo, você precisa ficar vendo filmes toda vez que eu venho aqui?
   -Eu não vejo filmes quando você vem aqui, eu vejo filmes com você aqui.
   -Não gosto disso, parece que qualquer coisa é motivo pra você se distanciar de mim.
   -Distanciar? Eu estou aqui do seu lado desde o começo da noite, o que você diz não tem sentido.
   -Não tem sentido, como não tem sentido! Você sempre vem com essa, que que tá acontecendo com você que tá sempre fazendo isso, falando que eu não tenho mais sentido, o que você tá querendo falar com tudo isso?
   -Nada, não estou falando nada, simplesmente não tem por que brigar por uma coisa tão fútil!
   -Eu não acho fútil, na verdade acho que o que você quer é terminar!
   -Não foi o que eu disse, mas acho que você fica trazendo demais pras nossas conversas o tema terminar, você ia gostar se terminasse?
   -Talvez eu goste mesmo da ideia!
   -Então não tem mais nada a se conversar, acabou, vai embora, quero ver o filme.
   -OK! Vou pegar minhas coisas.
   A moça recolhe tudo que é seu do quarto de Paulo, nenhuma lagrima sai dos olhos de nenhum dos dois, ela está brava mas ao mesmo tempo com cara de satisfeita, via-se claramente nela uma pessoa impulsiva. Ele por sua vez estava calmo e chateado ao mesmo tempo, parecia que isso já havia acontecido antes, mas tantas vezes a ponto de nem mexer mais com seus sentimentos, como se cansaço fosse a única coisa que terminar o relacionamento trazia.
    Ela acaba sua busca, pega tudo, escova, aliança, relógio de parede, até mesmo o CD velho do Los Hermanos, e coloca numa sacola de papelão. Vai em direção a porta, Paulo vai atrás, afinal alguém tinha que trancar o portão.
   -Quero um ultimo abraço!
   -Pra que? A gente terminou, não? Então vai embora.
   -Quero um ultimo abraço e também um ultimo beijo!
   -Não é assim, a gente terminou lá na sala, então acabou, sem ultimo abraço, sem ultimo beijo, sem ultima foda, se acabou, acabou!
   A moça olha com certo tom de dúvida para seu namorado ( ou ex-namorado, como preferirem) coloca a sacola, escrito “Triton” ao lado, nas mãos de Paulo, ela parecia até feliz com a situação.
   -A gente não vai terminar, você não vai se livrar tão fácil assim de mim. Coloca as coisas no seu quarto que amanha eu arrumo, vou pra casa terminar as unhas e estudar.
   Ela entra em seu carro, um modelo popular preto, vira a chave e vai-se embora, enquanto ia via-se um sorriso em seu rosto. Paulo entra, joga a sacola em cima da cama, pega mais vodca, dá um arroto e termina de assistir o filme, falava sobre uma moça louca.

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