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sábado, 24 de setembro de 2011

Complexo de Rachel Weisz.


Tinha acabado de sair de um coquetel de finalização de um congresso, estava entediado lá, um bando de professores com seus blazeres de flanela e seus sapatos de ponta fina e suas caras de superior, que apareciam apenas com a finalidade de ocultar suas psicoses. Eu odiava aquele congresso, aquela gente, estava odiando até mesmo o fato de ter que respirar o mesmo ar que aqueles otários. Chamei os que eram decentes daquela corja toda e avisei onde irem, um bar a algumas quadras dali e fui levar Mônica até sua casa, ela era uma caloura minha e estava bêbada, ela era fraca para bebida e na festividade serviram vinho. Deixando ela em casa, ela percebeu meus dentes levemente arroxeados.
    -Seus dentes estão roxos de vinho.
    -OK, não posso fazer nada.
    -Meus dentes estão roxos?
   Conferi os seus dentes, estavam bem manchados e dava para sentir o cheiro de vinho vindo dela.
    -Muito. Você deveria escovar os dentes, vou indo.

   Me despedi e continuei a andar pela rua, era uma noite fria e com neblina, fraca, porém, existente, tirei um fino que tinha no bolso e o acendi, a fumaça esquentava meu pulmão, e comecei a caminhar mais rápido. Cheguei no bar, chamava-se “São Francisco”, quando ia entrando reparei numa guria adorável, ela tinha um cabelo longo, liso e de um vermelho escuro, além de umas coxas, que coxas eram aquelas, me lembravam as coxas da Rachel Weisz, e qualquer mulher que me lembre a Rachel Weisz merece admiração. Olhei ao redor, o pessoal já havia chegado e trouxeram com eles uma quantidade razoável de pessoas, tinham 4 mesas encostadas e eu sentei-me com eles.
    Pedi uma dose de conhaque com gelo e comecei a conversar com o cara ao meu lado, era um veterano pelo qual tinha algum respeito, falamos sobre o modo místico que historiadores lidam com piadas, não sabendo fazê-las ou mesmo ouvi-las, e também como um comediante da internet fez piadas com certos ditadores do século XX. Historiadores, sempre tentando explicar tudo de modo contextual, nunca dão o braço a torcer e sempre precisam de algo que comprove ou embase o que eles vão falar, enquanto pensava isso agradecia por não ser um historiador ainda. Terminei minha dose de forma rápida, pedi outra e saí com um outro amigo, ele ia fumar e eu queria continuar uma conversa que tínhamos e também olhar a mulher de cabelos vermelhos. Falávamos sobre mulheres do passado e do presente, aquele era um assunto que me agradava. Troquei olhares com a moça que estava reparando, ela não parecia interessada, mas, ainda assim me sentia tentado por aquelas coxas.
    -Você viu aquelas coxas? Perguntei ao Ítalo, o amigo fumante.
    -As da ruiva?

    -É. Elas são perfeitas, me lembram a da Rachel Weisz.
    -São muito bonitas mesmo.
    -Ela não é ruiva, ela tem cabelo vermelho.
    -Não é a mesma coisa?
    -Eu também achava, mas um dia conheci uma guria meio doida que tinha belos cabelos vermelhos, ela era linda, baixinha, e bem inteligente, uma vez chamei-a de ruiva e fui xingado igual um filho de puta. Depois disso sempre corrijo os outros caras, pelo que entendi dessa pira toda, elas não gostam de ser chamadas de ruivas.
    -Interessante, terminei o cigarro, vamos indo?
    Sentamos de volta a mesa e terminei minha segunda dose, estava meio bêbado. Pedi a terceira dose e fui ao banheiro, agarrei-me ao primeiro mictório que achei, abri a calca tirei, mijei, estava branquíssima minha urina, puro álcool, chacoalhei, guardei, lavei minha mão, vi um cara ao meu lado sair sem fazê-lo e voltei a mesa, o conhaque me esperava, continuei bebendo, conversando com Ítalo, descobri que o primeiro nome verdadeiro da Rachel Weisz é Elizabeth, que a porcaria do cheiro da chuva tem um nome, mas não me lembro mais qual é e que a deliciosa Bruna Caram nasceu em Avaré, cidade natal dele.

   Continuei a beber, terminei a terceira dose e pedi a quarta, terminei a quarta e pedi a quinta, depois disso estava bêbado demais para conversar, fiquei um tempo na mesa e resolvi ir embora, deixei algumas notas na mesa, peguei minha carteira e as chaves, despedi-me do Ítalo e deixei os outros de lado, eram muitas pessoas e eu estava muito bêbado e elas estavam ocupadas com suas conversas sem importância. Fui ao estacionamento e apertei o botão do alarme, uma luz piscou e uma buzina rápida tocou, fui até o carro, liguei-o, dei a ré, andei um pouco e bati de leve em outro, nessa hora lembrei que tinha vendido meu carro há um mês para pagar umas dívidas. Saí do carro, olhei de canto para a direção do bar, parecia que ninguém tinha percebido o que eu tinha feito, aproveitei e saí de fininho, deixei o carro aberto e fui embora, acho eu que despercebido. Cheguei em casa com dificuldade, deitei na cama sem nem mesmo o tênis tirar e dormi, acordei no meio da noite corri até o banheiro e vomitei muito, lavei minha boca, tomei alguma água, da torneira do banheiro mesmo e voltei para a cama. Sonhei com um acidente de carro e com a Rachel Weisz, acordei durante a tarde, fiquei o dia todo esperando que me ligassem reclamando pelo carro, não o fizeram, achei ótimo, não teria dinheiro para pagar o concerto de um carro. Acho que tenho alguma paranoia com a Rachel Weisz.

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Texto simples e escrito meio bêbado, não me julguem.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ensaio sobre o boteco e o velho que é rei.



   A grande maioria das pessoas despreza os botecos de bairro, aqueles com a fachada patrocinada por alguma marca de cerveja e que geralmente são comandados por um velhinho e sua prole. Por não entenderem a complexidade do barzinho quanto instituição ou simplesmente por não acharem esteticamente belos, as pessoas passam despercebidas por esses locais, deixando de absorver uma carga cultural de grandeza admirável. O que quero explicar aqui é a forma desenvolvida e hierárquica dos botecos enquanto instituição social e fonte de entretenimento de determinados grupos.
    Começarei pelo nome. O nome do bar pertencente a um tiozinho, sempre possuirá o nome do mesmo, tendo o objetivo de mostrar quem domina o território, exemplo semelhante temos em Castela (Reino da península Ibérica que hoje pertence ao território espanhol, chamado Reino de Castela devido ao nome da família real), percebem a inspiração histórica de todos os anciões criadores de bares de bairro? O dono do bar pode ser comparado a um monarca, pois, rege as leis do estabelecimento e domina a política local, controlando coisas como economia (fazer ou não fiado, o tamanho do desconto ou acréscimo de acordo com o nível etílico de cada cliente, os impostos sobre as mesas de sinuca e baralho, etc.), alimentação (avisando a velhinha que costuma ser sua esposa de que as coxinhas, ovos de codorna ou queijos em nó acabaram, solicitando-a nova remessa), entretenimento para a população (manutenção dos baralhos, garantia de uma mesa de sinuca íngreme e música de qualidade duvidosa tocando todo momento) entre outras funções cabíveis a um rei de respeito.
   Ao lado do nosso monarca de boteco temos sua esposa, a senhora que normalmente tem uma voz exageradamente alta e aguda, ela é responsável pelas funções de limpeza e preparação dos quitutes que só um bom bar de tio possui, normalmente elas tem nomes curtos e de fácil pronúncia para auxílio dos bêbados (Edna, Maria, Perina). Ao lado dela temos em alguns casos as filhas do monarca, que são quase sempre muito cobiçadas dentro do local, tendo em vista que é rara a presença feminina. Muitos monarcas tendem a privar o espaço das "princesas" colocando-as presas na cozinha auxiliando a mãe, evitando assim contatos indesejados com os frequentadores, possivelmente pervertidos ou apenas necessitados de sexo, do local. Enquanto isso, os filhos homens do velhinho, tendem a melhorar suas habilidades nas supracitadas sinuca e jogos de baralho em geral, e auxiliar o pai no papel de servir os frequentadores do local, eles também podem desenvolver-se nas atividades com drinks, aprendendo por exemplo a fazer o famosíssimo rabo de galo ou a deliciosa e clássica caipirinha, assim sendo, os filhos homens são o grupo mais eclético de todo o “reino”.
    Saindo da elite dominante chegamos às classes distintas de clientes, temos vários tipos diferentes que circulam pelo lugar. De começo, na beira do balcão temos os clientes mais assíduos, estes sempre ficam ali, bebendo diversos tipos de bebidas, consumindo variadas guloseimas e aperitivos e conversando diretamente com o dono do bar (não que as outras classes não falem com o rei, é que esta mantém-se mais "próxima" da figura monárquica), eles têm boa relação política com todas as outras classes, mantendo-se neutros nas disputas que ocorrem dentro do boteco, alguns membros dessa classe tendem a esporadicamente frequentar as mesas de sinuca ou baralho como forma de entretenimento, afinal a politicagem e a conversa fiada podem entediar.
   Agora temos duas classes rivais, podemos considerá-los a classe média dos botecos, estes são os jogadores de sinuca de um lado, digladiando-se com os apreciadores das artes do baralho de outro, em um bom bar de bairro com nome de senhor, sempre haverá disputas por espaço e reclamações por parte dos baralhistas (palavra em que estou em dúvida acerca da existência) e dos sinuqueiros (palavra que eu tenho certeza que não existe, porém a usarei na falta de termo melhor). Os jogadores de baralho costumam reclamar das tacadas por acidente (ou não) que levam enquanto os apreciadores do bilhar reclamam da falta de espaço e da esbórnia dos truqueiros, pokeiros e cacheteiros.
   Temos mais personagens nessa complexa estrutura butequística, mas a demanda de tempo necessária para falar sobre elas é alem de minha capacidade atual. Assim sendo, por último vou falar sobre a classe mais abalada pelos males do mundo em todo o boteco, os bêbados que ficam na porta do bar ou no banheiro. Estes são os párias do local, o monarca tende a ter certo apreço por eles, mas também os ignora a fim de manter a paz no recinto. Eles têm toda uma cultura própria, nela encontramos tradições fortemente enraizadas, como por exemplo, cantar (xavecar, mexer) todos os seres possuidores de vagina que passam em frente ao bar. Uma curiosidade acerca desse costume é que ele limita-se ao falar, ou seja, eles sempre partem do pressuposto que a pessoa do sexo oposto vai ignorá-lo, sendo assim no caso de serem desafiados a cumprir o que prometem no xaveco, (a expressão usada por eles “ô lá em casa” ilustra isso) é comum que o bêbado decline, passando assim a imagem de covarde que está entrelaçada psicologicamente a ele. O mau cheiro em grande parte das vezes acompanha essa classe como um fiel cão acompanha seu dono, sendo estas uma de suas características mais conhecidas. Um último, mas não menos importante aspecto da cultura da cachaça (termo cunhado pelo grande sociólogo Gilberto Irmão, também conhecido como Gil Brother ou Away de Petrópolis, grande estudioso da classe bêbada nos botecos de toda província do Rio de Janeiro no tempo do Império) é a sua capacidade migratória, eles tendem a criar rotas saindo de suas casas passando por vários, as vezes dezenas de bares com nome de velhinho, estabelecendo assim a embriaguez total e então começarem a difícil jornada de volta para casa, lendas antigas dessa classe dizem que essa é uma tradição inspirada no movimento migratório dos albatrozes, espécie em que a migração serve de seleção natural, excluindo os indivíduos com menor capacidade de sobrevivência.
   Concluindo, a estrutura social chamada boteco, barzinho, taberna ou simplesmente bodega possui complexidade política, cultural e econômica notável e seria um erro por parte de qualquer ser humano que tenha interesse em história, sociologia, filosofia ou qualquer uma das ciências humanas desprezar tamanha riqueza de conhecimento. Agora peço que todos que leram este texto deem valor maior a cada copo de cerveja barata consumido no Bar do Lourival (nome meramente ilustrativo).

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Um pouco diferente do meu habitual estilo de escrita. Dedicado a Elô do elosuda.tumblr que me ajudou com conversas mistícas.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Manteiga no rosto é o segredo para sedução.


   Muitos já devem ter escrito sobre o que andou rolando nos últimos dias na Universidade Estadual de Maringá, porém, nenhum deles tem meu jeito de ver as coisas, um jeito que eu chamaria de um tanto quanto peculiar. Não cabe aqui falar sobre todas as facetas da minha personalidade, então com base nos fatos que irei descrever vocês tirem suas próprias conclusões. Nessa pequena conversa mostrarei como eu, Francisco Miranda, estudante de história e participante de todas as ações políticas que ocorreram na UEM no decorrer das últimas semanas viu a situação.
    Acordei atrasado para o ato, não muito, mas com certeza iria chegar depois do início. Como café da manhã bebi um pouco de leite com chocolate, se bem me lembro, duas fatias de pão e por último alguns goles de uma batida de coco que estava na geladeira. Queria participar do ato, então me apressei, não daria tempo de tomar um banho, então só troquei de roupa e reforcei meu desodorante. Fui andando rápido até o DCE, onde não achei mais ninguém (lá era o ponto de inicio da porra toda), porém, conseguia ouvir vozes vindo da direção da avenida Colombo, fui até lá. Quando cheguei encontrei uma multidão, um carro com caixas de som em cima, de onde os comunistas que estavam organizando a manifestação falavam palavras de ordem não muito bem ensaiadas e que a grande maioria das pessoas erravam, não era bonito de se ouvir, mas era engraçado.
    Havia combinado de me encontrar com alguns amigos que já estavam ali, então fui procurá-los, acho que sou bom nessas coisas, pois em questão de 2 ou 3 minutos já tinha achado eles num grupo com cerca de 600 pessoas. Agora estávamos em 4, engatei uma conversa com Hélio enquanto íamos andando e entremeio o diálogo gritávamos as palavras de ordem que estavam rolando. Íamos falando sobre a quantidade mística de mulheres belas que estavam ali, e as que se destacavam no montante de estudantes, universitárias e gostosas, ganhavam comentários perversos. Andamos até uma esquina, depois fizemos a volta e chegamos na reitoria, fui acompanhando com os olhos uma bela moça de cabelo ruivo, mas desisti dela quando a vi beijando seu namorado, uma vez na reitoria o momento chave de toda a semana chegou, o reitor entregou a carta com a resposta das reivindicações que foram feitas a ele 15 dias antes (estou falando sobre meu ponto de vista, então não é necessário que você esteja totalmente inteirado da situação), uma vez com a carta em mãos, um jovem que cursava educação física e tinha cara de idiota leu-a na frente de todos. Era lixo, pura balela em vão usada para tentar apaziguar a ira dos manifestantes, ele questionou o que deveríamos fazer e uma proposta surgiu, só uma, mas que seria extremamente eficiente, invadir a reitoria e ocupá-la até ter uma resposta digna de pessoas que são o futuro do país. O espírito de anarquia tomou conta de todos e com uma decisão praticamente unanime invadimos o prédio, com o passar de algumas horas todos os funcionários estavam fora e estávamos organizando tudo para que aquela ocupação fosse perfeita. No começo da noite eu havia sido encarregado membro da comissão de segurança, iriamos guardar todos no local, grande coisa, as pessoas estavam numa sinergia tão grande que não era necessário alguém para garantir segurança, mas existiam fatores externos, o que tornava minha função compreensível. Fui para minha casa e tomei um bom banho e arrumei minhas coisas, voltei por volta das 11 da noite para a reitoria, seria uma longa noite.   Durante todo o tempo que fiquei lá, volta e meia via uma mulher, ela era baixa e levemente rechonchuda, com um olhar e um jeito tão meigos que me balançaram profundamente (sou pego muito fácil por trejeitos), ela tinha uma câmera na mão quase todo o tempo, loira e com uma pinta no rosto, uma dessas moças que te fazem escutar Belle and Sebastian na cabeça de tão encantadoras, além do que usava um vestido bonito, que dava a impressão que aquela cativante guria tinha vindo direto dos anos 50 para mim. Já tinha visto ela nos arredores da universidade e em outros pontos da cidade, mas naquele dia ela estava especialmente linda. Não sou o tipo que vai atrás de mulheres desconhecidas, então fiquei a esperar algum sinal da parte dela. A noite foi indo e um acampamento foi firmado no local, um espírito de luta dominava todos, era lindo, aquele lugar parecia uma comunidade alternativa, mas com o privilégio de ter uma lanchonete a 50 metros dali.
    Não comentei quando falei de minha função lá, mas das 4 até as 8 da manhã seria meu “turno”. Durante esse tempo conheci gente nova, algumas pessoas interessantes, muita gente chata e uma mulher bem malandra (que não vem ao caso falar sobre agora), foi interessante, eu que normalmente sou fechado estava até conversando com o pessoal. O dia foi amanhecendo e as pessoas presentes foram levantando, eu estava na porta cuidando para que nenhuma pessoa que não fosse um estudante ou parceiro nosso entrasse (não era um trabalho difícil, afinal, estava tudo meio parado). Os estudantes começaram a sair de dentro da reitoria (tenho que explicar que não havia como dormir todos lá dentro, logo, alguns acamparam fora enquanto a outra parte ficou lá dentro).
   A linda moça de que estava falando acima saiu, ela tinha em sua mão uma caneca preta e longa com café puro nela, ela estava com aquela expressão acabada de começo de manhã, não era algo lindo de se ver, mas, achei fofo, em sua outra mão um pão com manteiga que a galera da comissão de cozinha estava servindo, ela andou um pouco e conversou com alguns humanos que me foram ofuscados pela beleza da pequena jovem, ela tinha uns trejeitos com a cabeça muito engraçados e ao mesmo tempo belos, essas coisas que nos dão até uma indignação. Agora ela estava vindo na minha direção (mentira, ela estava indo para a porta que estava atrás de mim, mas posso me iludir do jeito que bem me convier), enquanto comia seu pão, um pouco da manteiga ficara em seu rosto, tão lindo, tão tolo, tão apaixonante, quando ia entrar no prédio, de forma envergonha falei-a “moça, tem … no seu rosto” (onde deveria falar manteiga simplesmente apontei para região onde estava sujo nela, em minha própria face), mal consegui falar a frase toda, ela limpou-se e agradeceu falando um obrigada bem baixinho com uma cara de vergonha, fiquei todo derretido, aquela moça tinha ganhado muito do meu interesse.   Após algum tempo, chegou às 8 horas e eu precisava ir para a aula, larguei o meu posto e fui na direção de minha casa, queria tomar um banho antes de ir para aula. Pensava muito na moça loira. Enquanto andava ouvi um homem que caminhava ao meu lado falando algo no celular sobre o céu e balões, quando olhei para minha esquerda com o fim de atravessar a rua, vi dois balões desses de ar quente sobrevoando a Universidade bem de perto, achei bonito e sorri. 
   Continuei andando e ao chegar a uma passarela da UEM que passa por um campo aberto vi vários balões enquanto escutava o som de suas turbinas (ou seja lá que caralho move aquilo), estava com um sentimento de felicidade, fiquei sorridente. Cheguei em minha casa e desisti de ir na aula, estava cansado, deitei, dormi, sonhei com a moça e acordei bobo, estava apaixonado ou pelo menos encantado, até tentei me sentir mal por minha atenção naquela coisa toda ter sido da jovem e não do movimento estudantil, mas não consegui, no fundo, para mim, mulheres são mais atraentes que a política.