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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Caçada.



   Era uma boate, tinha seguranças parrudos na porta e uma luz vermelha, que lembrava aquelas salas de revelação de fotos e contrastava com frequentes flashes de uma lâmpada fortíssima. Uma música eletrônica alta tocava, casais dançavam e eu sentia minha gravata apertando meu pescoço ébrio, no balcão do bar eu suava, e quanto mais daquele bendito uísque eu bebia, mais eu suava e mais apertada a gravata parecia, não sabia dizer se os dois fatos tinham relação, mas soltei a gravata igual, executivos só precisam manter a pose em seus escritórios e onde podem ser filmados, ali eu não precisava ser apresentável, ali até mesmo eu, diretor de uma das maiores multinacionais instaladas no país, era anônimo.
    A gravata estava solta, minha camisa molhada e minha lascívia pediam espaço, eu já estava bêbado, agora queria transar. Os tolos poderiam pensar o motivo de eu não ir para minha casa e, como dizem nas novelas, fazer amor com minha mulher, a estes eu respondo de forma breve, quando se tem poder, como eu tenho, quando se é um predador nato do sexo oposto, como eu sou, exercício é fundamental, isso me mantém bom nos negócios, isso me mantém bom como homem.
   Resolvi começar a procurar a vítima da noite, era sempre simples quando passava da meia-noite, todos estavam bêbados e manipuláveis, eu também estava bêbado, mas não era um qualquer, não costumo ser manipulado. A vi. E mesmo distante eu sabia, no fim da noite estaria com ela e em uma cama. De começo ela tentou disfarçar, passava sua mão pequena naqueles cabelos lisos e que se revelaram vermelhos assim que o flash fez seu trabalho novamente, me olhava de canto por um curto período de tempo e então se desvencilhava de minhas fintas. Usei de minha tática costumeira, comecei um pequeno diálogo com uma mulher qualquer, nem mesmo lembro de seu rosto, só queria criar uma zona perfeita, mostrar que não estava dependendo da aceitação dela, e então chegar em quem realmente interessava. Para minha surpresa, e deveria dizer alegria também, ela não caíra em minha “jogada do pastor” e assim que comecei a conversar com a outra ela claramente fingiu-se não se importar e começou a dançar com um homem que por lá perto estava. Ela era uma jogadora como eu, não tão boa, um tanto previsível, mas ainda assim era. Senti-me diretamente provocado, parecia que aquela mulher tinha entrado na minha cabeça, colocado uma imagem sua e deixado uma ordem para cada célula do meu corpo, e essa ordem era “deseje-a”, e varão como sou, desejei. Ao perceber que minha tática usual não funcionara, chamei a mulher com quem comecei o diálogo para dançar e sem nem mesmo ouvir respostas puxei-a pelas mãos até a pista, conforme aquela música ia tocando, eu ia me aproximando da ruiva, eu sentia o corpo dela me atraindo e sabia que por mim ela também se atraia. Fui levando minha parceira na direção do meu alvo e num golpe inteligente, muito inteligente devo dizer pois me espantei com o sucesso absoluto, troquei de par com o outro homem, um negro alto, que me lembrava o Denzel Washington, foi uma troca justa, deixei para ele, uma mulher que ele conseguiria lidar, e quem sabe até se dar bem e fiquei com o fardo de ter que dar toda minha virilidade para aquele avatar da sensualidade que o tolo acreditava dar conta. 
   Nós começamos a dançar e parecia a meus sentidos que a música diminuíra seu volume para deixar nossa conversa e ritmo fluir. Nessa hora eu pude perceber cada detalhe da mulher que me traria alivio e prazer no fim da noite. Ela tinha algo em torno de um metro e sessenta, uma pele branca leitosa,” só pode ser rosada” pensei e isso me excitou. Seus seios tinham o tamanho proporcionalmente certo ao seu corpo e mostravam-se em parcialidade por um profundo decote em uma blusa preta. Pensei em como ia possuí-la e em todos os modos como a faria sentir dentro de si um homem de verdade, sua cintura, fina e modelada guardava uma barriga atlética que encostando em seu corpo durante a dança senti, me peguei olhando para suas coxas e elas eram fenomenais, grossas na medida certa e terminando em uma bunda de forma redonda e provocante.
   Aquela mulher era minha, eu tinha certeza disso, mais uma vez, o diretor executivo e garanhão tinha se dado bem. Nossas palavras pareciam sintonizadas eu falava o que ela queria ouvir e ela respondia do jeito que eu queria escutar, ficamos conversando durante algo próximo de meia hora (quando se tem um tesouro daqueles por perto não se conta o tempo) e então dei o golpe final, beijei-a durante mais algum tempo, e enfim chamei-a para sair dali e ir a um lugar mais reservado e tranquilo, eu estava seguro de mim, mulheres sentem isso, elas sabem quando você tem atitude de vencedor, nos negócios também são assim, postura de ganhador é uma arma poderosa.
    Em meu carro, fomos até um motel de luxo, perguntei como ela havia chegado na boate e ela disse que com um amigo e que depois daria um jeito de ir embora, comecei a pensar que ela valia o preço do táxi que eu pagaria para ela quando estivesse indo embora de manhã. Uma vez no quarto ela e sua grande bolsa (que pegamos na chapelaria antes de sairmos) entraram rapidamente no banheiro e de lá ela me mandou esperar na cama. Não tenho o costume de obedecer a ordens, no emprego que tenho se seguisse ordens seria desrespeitado, tratado como idiota, tenho contato com empresas do mundo todo, tenho controle sobre negócios essenciais na economia mundial, eu não sigo ordens, mas aquela mulher me fez deitar, fui submisso, ainda assim ficava na minha mente o pensar “eu estou fazendo isso por que eu quero!”. Retirei minha roupa toda e deitei-me, em alguns minutos ela sai do banheiro, era sensacional, por algum motivo ela amarrou os cabelos em um coque, colocou umas luvas de dominatrix e sua lingerie era sexy ao ponto de me fazer latejar só de olhar.

   Senti-me quase intimidado por aquele ser sensual, talvez pela primeira vez em toda minha vida uma mulher me deu medo, achei até um pouco estranho. Ela subiu na cama e foi escalando meu corpo, dava um ou outro beijo em minha carne e quando achei que ganharia um belo sexo oral, vejo que ela continuou a subir por sobre o meu corpo. Quando tentei trocá-la de posição sofri represália, ela tinha braços pesados, para minha surpresa, grudou-me de volta a cama. Além de um abdômen definido ela tinha braços fortes, ela deveria ser atleta ou rata de academia, não quis pensar na hora. A sensação de submissão antes descrita agora estava muito mais forte e aquela voraz e erógena mulher subiu com seus joelhos até meus braços e sentou-se em meu peito. 
   Ela olhou nos meus olhos, sorriu sensualmente,” primeiro nela” pensei, pediu se eu gostava do que ela fazia e eu como um pequeno menino apenas respondi que sim. Então passando o dedo indicador em meus lábios ela fez um “Sshhhhhh” pedindo silencio, levou as mãos para trás das costas e “tente não gritar” foi o que ela disse, eu sorri tolamente, como uma criança eu sorri. Alguns segundos com as mãos nas costas, seu soutien não cai e ela volta com suas mãos para baixo, colocando-as na cama, não gostei, queria ver logo aqueles seios maravilhosos desnudos, ela abaixou-se até próximo do meu rosto e com sua boca perto do meu ouvido fala o nome de um dos meus maiores inimigos, um concorrente de merda que sofrera um prejuízo gigantesco há algum tempo graças a uma jogada política ardilosa (e levemente ilegal) da minha parte, diz que ele mandou lembranças e confusão digna de um tolo eu experimentei. 
   Senti algo frio e duro, parecia metal, passando pela minha garganta e conforme ele passava uma dor horrível criava-se, enquanto isso, a via sorrindo, tentei lutar, mas ela era forte, na posição em que estávamos, mais forte que eu. Uma quantidade grande de sangue jorrou da minha garganta, mas por algum motivo, eu apenas não consegui respirar, ela não cortou minha jugular, obviamente sabendo disso, achei que para não sujá-la com os respingos de sangue, achei que ela era profissional, achei, e estava certo que fui pego. “Vocês sempre tentam lutar tarde demais, nunca achei um que não tentou. Acham que estão me seduzindo, acham que são os donos do mundo, mas morrem. Vagarosamente e com essas caras de desespero ridículo, sempre morrem. Nem gritar vocês conseguem, eu corto suas cordas vocais, afinal, mesmo num motel, as pessoas podem ser curiosas” a vida esvaindo-se do meu ser e ela ao lado da cama colocava sua roupa, vi a porta abrindo, e o mesmo negro que dançara com ela mais cedo entrando a me olhar. Ouvi algo da minha assassina, não soube distinguir as palavras. Ela falou e terminou de vestir-se, veio até mim, limpou seu artífice que agora eu via como um bisturi cirúrgico, aquilo abrira um cânion em meu pescoço e eu só me mantive vivo o suficiente para vê-la indo embora. Nem mesmo perguntei o seu nome.



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Bem, depois de meses, consegui terminar algo, não posso dizer que continuarei a postar, mas tentarei. Não posso julgar minha própria habilidade de escrita, então peço que vocês o façam nos comentários. Obrigado.


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