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domingo, 10 de julho de 2011

Esfomeados são sentimentais.

    Acordei faminto, já eram cinco e meia e era domingo, aguentando a fome que começava a me dar dores no estômago, eu fiquei um pouco no computador, queria ver se uma moça pela qual tenho carinho havia me deixado algum recado, não deixou.
   Fui fazer algo para comer, coloquei ovos numa panela com água e liguei o fogo, enquanto os ovos cozinhavam comecei a picar batatas para fritar. Piquei algumas e, quando fui ligar uma boca para a frigideira, vi que o gás havia acabado. Irritado e faminto, joguei com força o prato com as batatas na parede, cacos de porcelana e batatas se espalharam por meia cozinha, fui para o quarto e acendi um baseado. Terminei de fumar, peguei minha carteira e coloquei minha velha camiseta com o olho de Horus e em letras grandes “História UEM”, sai na direção da padaria mais próxima.
    Andei algum tempo, dobrei a esquina e vi que a padaria que pretendia ir estava fechada. Continuei subindo a rua, “deve ter alguma merda aberta” pensei.
    Enquanto andava olho numa rua sem saída, um grupo de crianças brincando e com elas um senhor idoso, eles jogavam amarelinha e todos estavam rindo muito, o senhor era vô de uma parte das crianças e estava sendo o centro das atenções, “isso é bom que faz exercício!” gritava o velho enquanto pedia o que deveria fazer no jogo. Olhei para a cena e achei-a bela, cheguei a me acalmar um pouco, eu, que sempre penso sobre a personalidade das pessoas, fiquei pensando em como deveria ter sido a vida daquele senhor e por pouco tempo, uma admiração sincera surgiu, ele parecia tão despreocupado, tão feliz, tão vivo, tão diferente de mim. Percebi um sorriso em meu rosto e continuei a andar, algumas quadras a frente achei uma cabine de Cachorrão, o prato típico do maringaense. 
   Pedi dois lanches para viajem, sentei para esperar e vi dois homens conversando, um deles também tinha pedido dois lanches, quando questionado do por que pelo amigo, respondeu que tinha certeza que no futuro ia dar umas bolas num baseado e a larica ia bater. Ri alto e concordei, eles riram também, pensei em pedir um pouco de baseado, mas desisti da ideia rápido. Os dois continuaram conversando e o mesmo que pediu dois lanches falava que em setembro ia morar em Florianópolis, coisa comum por aqui, uma espécie de “american dream” do interior do Paraná, fiquei quieto.
    Um rapaz que parecia louco estava conversando com o chapeiro, “vou te falar o pior defeito dos homens Seu Tonho, a esperança, isso é que fode com tudo!” falou enquanto ria de leve. Olhei para ele, sorri, virei-me e percebi que concordava plenamente com ele, fiquei achando que ele poderia ser um gênio ou algo assim, sensação que sumiu assim que ele disse que ia ir no cemitério arranjar uma garganta nova por que a dele estava estragada de tanto beber coca congelada.
   Meus lanches ficaram prontos, ele não tinha Coca-Cola de dois litros, pedi duas cocas de um litro, saíram-me bem mais caras do que se fosse uma de dois litros, elogiei a malandragem do dono do lugar e fui-me embora. Percebi que três igrejas, que ficavam na mesma rua estavam sendo abertas e alguns imbecis, ou cristãos como costumam chamar, estavam passando, para mim aquilo parecia uma feira onde cada pastor oferecia seus serviços divinos e os idiotas entregavam todo seu dinheiro, olhei para um homem com uma bíblia e imaginei ele gritando “ Só hoje minha senhora, entrada no céu por apenas 199 e 95! Moça bonita não paga, mas também não leva!”, ri e depois de andar algumas quadras cheguei em casa.
   Comi um lanche e bebi uma das cocas, guardei o resto para mais tarde, ia precisar já que não tinha como cozinhar. Fui para o quarto, sentei-me na frente do computador, queria ver se uma moça pela qual eu tenho muito carinho, e um bocado de tesão também, tinha me deixado algum recado, não deixou.

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